Maçonaria Críptica:
percurso atribulado de um itinerário histórico
O que são os graus maçónicos crípticos? Constituem eles um Rito maçónico específico? Qual a génese da sua integração no Rito de York? Será a sua sequência coerente nos altos graus? Que caminho percorreram eles até hoje?
Estas são, porventura, algumas das questões pertinentes que qualquer maçom críptico se coloca ou, deveria colocar, no âmbito do seu caminho iniciático, sob pena de não compreender, nem realizar, uma prática consciente destes graus do Rito de York.
O objectivo deste ensaio consiste, deste modo, em tentar responder a estas questões, identificando e sistematizando a génese e a evolução histórica do Rito Críptico na Maçonaria anglo-saxónica, sistema litúrgico e iniciático, cujos graus, na origem, não possuíam um encadeamento lógico recíproco.
Esperamos, deste modo, poder contribuir para a história atribulada da origem e desenvolvimento cronológico dos graus deste Rito, constituinte da estrutura global do Rito de York, percorrendo o caminho desde a sua constituição até à sua transmissão actual.
Identificação e situação do Rito Críptico
Os graus do Rito da Maçonaria Críptica constituíam inicialmente patamares laterais do Rito Escocês Antigo e Aceite, a saber: Mestre Real, Mestre Escolhido e Super Excelente Mestre.
O primeiro constitui tipologicamente um grau, chamado hirâmico, situado entre o 3º e o 4º grau [designados Mestre Maçom e Mestre Secreto, respectivamente com a morte de Hiram Abiff por três Companheiros e a consagração da sua sucessão iniciática com Adoniram por Salomão no Santo dos Santos do Templo de Jerusalém]; o segundo constitui um grau, classificado como críptico, escocês ou inefável, anexo ao 14º grau, do REAA [Grande Eleito, Perfeito Eleito, Mestre Sublime e Perfeito cujo tema consiste no depósito da Palavra Perdida do 3º grau, o Nome Secreto de Deus, na cripta subterrânea de nove arcos sob o Palácio Real e o Templo de Jerusalém, pelo Rei Salomão de Israel e por Hiram, rei de Tiro, bem como pelo Arquitecto Hiram Abiff], correspondendo também ao de Grande Cobridor de Salomão ou Maçom Eleito dos Vinte e Sete do sistema eclético dos Graus Maçónicos Aliados; o terceiro constitui uma miscelânea histórica, sem qualquer correspondência anexa ou paralela com o Rito Escocês Antigo e Aceite.
Um dos mais importantes e curiosos Ritos maçónicos, o Rito Críptico é, no entanto, um dos mais pequenos, cujo nomadismo aventureiro e rocambolesco é verdadeiramente surpreendente. Uma das suas singularidades consiste no facto de os dois graus principais, Mestre Real e Mestre Escolhido, se encontrarem associados a uma cerimónia denominada Super Excelente Mestre, não considerada propriamente um grau, apesar de ser mais dramática do que a maioria dos graus maçónicos, consistindo a cerimónia na encenação de um incidente mencionado na palestra instrutiva do cargo de Viandante Principal na cerimónia de iniciação do grau capitular de Mestre do Arco Real.
Uma outra particularidade assinalável do Rito Críptico reporta-se à diferença de opinião entre os especialistas maçónicos quanto à relação sequencial adequada de conferência dos dois graus aos candidatos, quando ambos deveriam preceder cronológica e doutrinalmente o grau do Arco Real.
Na verdade, quer o grau de Mestre Real, quer o grau de Mestre Escolhido são graus maçónicos tipologicamente classificados como pertencendo ao âmbito classificativo denominado escocês, francês, nono arco ou cripta secreta, e a adjectivação de crípticos foi-lhes atribuída pelo liturgista e historiador maçónico norte-americano Robert Williams Peckham ou Rob Morris (1818-1888), numa alusão ao tema doutrinal da cripta do Templo de Salomão.
Estes dois graus devem, preferencialmente, ser discutidos em conjunto, dado existir, entre eles, quer um certo contraste, quer uma certa relação. Sendo ambos introdutórios da mitologia maçónica do Segundo Templo de Jerusalém [de Zorobabel], independentemente do seu reconhecimento ou aceitação institucional, estão intimamente relacionados com a lenda do Primeiro Templo de Salomão, ou seja, anteriores ao assassinato do Arquitecto Hiram Abiff.
Assim como o primeiro e o segundo grau do Rito Críptico constituem respectivamente o 8º e o 9º grau do Rito de York e o 17º e o 18º grau do Grande Rito Primitivo da Escócia, na transição do século XVIII para o século XIX, todos os graus crípticos situam-se cronologicamente antes do grau de Mestre do Arco Real, o qual pertence já ao âmbito do Segundo Templo, relativo à redescoberta dos segredos depositados nos graus crípticos.
Esta particularidade é justificada e explicada porque estes mesmos graus foram até hoje conferidos com frequência pelas mesmas estruturas maçónicas tutelares dos graus capitulares do Arco Real, sob constituição americana [quanto ao Rito de York] ou britânica.
De facto, a datação cronológica narrativa do grau de Mestre Real situa-se entre a descoberta do corpo de Hiram, a elevação e o enterramento final, sendo o seu principal evento constitutivo a conferência ocorrida entre Adoniram, sucessor de Hiram, como Arquitecto do Primeiro Templo de Jerusalém, Hiram, rei de Tiro e Salomão, rei de Israel.
A datação concorda ainda com o 4º e o 5º grau do Rito Escocês Antigo e Aceite [respectivamente Mestre Secreto e Mestre Perfeito, neste ultimo onde se homenageia a memória do falecido Mestre Hiram Abiff, com a presença dos Reis e do Ministro Zabud], sendo também substancialmente similar à do 8º grau [Intendente dos Edifícios, alusivo à selecção do sucessor de Hiram], cujo assunto essencial consiste precisamente na cooptação de um novo Arquitecto para o Templo de Jerusalém.
No entanto, por outro lado, no grau de Mestre Escolhido, o Arquitecto Hiram encontra-se ainda vivo e, é o protagonista. O Ritual decorre no Primeiro Templo de Salomão e o acontecimento essencial é o depósito do Segredo.
Na verdade, a actual sequência dos graus crípticos deve-se à argumentação teorizada por alguns adeptos defensores de que a descoberta, mais do que o depósito, constituí o respectivo evento epocal maçónico e transmitiu a sua verdadeira significação ao grau de Mestre Escolhido, mas esse fundamento negligencia o facto de essa mesma descoberta ter sido feita não nos graus crípticos, mas sim no Arco Real.
Assim, muito provavelmente, a presente sequência dever-se-á a uma simples herança de uma teorização temática e cronológica empregue por autores maçónicos do séc. XIX, não tendo sido desde então considerada suficientemente efectiva para requerer o respectivo afastamento recíproco, sendo ainda uma das situações casuísticas em que diversos graus agregados carecem de uma adequação sequencial temporal.
Adicionalmente, a cerimónia, denominada Super Excelente Mestre [talvez a mais dramática do Rito de York], data da imediata subsequência do grau de Mestre Real e de Mestre Escolhido, relacionando-se com a destruição do Primeiro Templo e o exílio babilónico-persa do povo hebreu.
Além do facto de existir algum dilema, mais que disputa, sobre a ordem em que os graus crípticos são normalmente conferidos, pois o grau de Mestre Escolhido deveria preceder o de Mestre Real, nenhuma informação está disponível sobre a história da cerimónia de Super Excelente Mestre, que é talvez o único contexto litúrgico maçónico em qualquer Rito onde um drama é representado como em nenhum outro grau, e cuja primeira ocorrência conhecida em território americano surge registada em Middletown, no Connecticut, em 1783.
De facto, quando o continente americano foi inundado por diversos graus maçónicos, não há registo deste grau nas listas dos graus existentes. Nem deste, nem do grau de Mestre Real ou de Mestre Escolhido, excepção feita ao grau de Mestre Escolhido, que poderia estar incluído numa das duvidosas listas de graus conferidos pelo Capítulo de Clermont [potência maçónica superior pioneira em França, vigente entre 1754 e 1758, integrando um 5º grau de Mestre Escolhido ou Cavaleiro do Oriente, e gerador do Rito de Heredom ou de Perfeição, embrião do então futuro Rito Escocês Antigo e Aceite].
Na globalidade, o grau de Mestre Real e o grau de Mestre Escolhido encontram-se entre as melhores narrativas litúrgicas maçónicas, tal como o de Super Excelente Mestre que é, de facto, um dos dramas maçónicos mais arrebatadores de sempre.
Particularmente, todos os trabalhos litúrgicos dos graus crípticos são de qualidade ritualística superior e encontram-se entre os mais importantes e significativos de toda a instrução maçónica. Este aspecto, é facilmente demonstrável pela sobrevivência histórica destes graus e a sua itinerância entre diversas jurisdições estaduais capitulares, por um lado e, conciliares por outro, durante muitos anos.
Da génese europeia à autonomia americana
De acordo com William James Hughan (1841-1911), a Maçonaria Críptica é trabalhada em Inglaterra desde cerca de 1760, tendo-se entretanto desvanecido, embora tenha continuado, provavelmente, na Escócia sob um ramo do Grande Acampamento dos Cavaleiros Templários, não existindo, a partir dessa data, noticia posterior de nenhum dos graus.
De acordo com a mesma fonte, a existência
dos três graus do Rito Críptico não pode ser verificada naquela data, embora todos tenham sido inicialmente trabalhados em Inglaterra e os mais importantes tenham aparecido em Charleston, na Carolina do Sul, o mais tardar cerca de 1783 e, talvez ainda um pouco antes em Albany, no estado de Nova Iorque, enquanto graus laterais do Rito de Perfeição.
A assunção, frequentemente acarinhada, de que os graus de Mestre Real e de Mestre Escolhido estiveram sempre associados é incorrecta, já que este último grau, sob o nome de Maçom Escolhido dos Vinte e Sete, estava contido nos rituais transportados para a América por Etienne Morin, Grande Inspector Geral do Rito de Heredom ou de Perfeição, cerca de 1762, como um grau lateral, ao passo que o de Mestre Real não se encontrava ai incluído e nem sequer mencionado em nenhum registo preservado até uma data bastante posterior.
Todas as tentativas efectuadas para fixar a origem e traçar o curso destes graus, no então, futuro território independente norte-americano, têm sido bastante instáveis, não apenas devido às sucessivas alterações e conflitos jurisdicionais da sua administração e conferência, ou até mesmo à ausência anárquica de autoridade, mas também pela tendência dos especialistas se referirem conjuntamente aos graus, como se eles sempre tivessem constituído um conjunto.
Não só a associação posterior entre os graus e a frequente alusão conjugada a eles como Mestres Reais e Escolhidos conduziu naturalmente alguns autores à suposição anacrónica e inverosímil de a sua relação actual ter sempre existido, assim como estas mesmas referências têm substituído o indispensável exame criterioso dos registos documentais disponíveis quanto à menção específica de um determinado grau, utilizando-se as expressões graus e Rito Críptico para encobrir uma evidente e insolúvel lacuna de definição.
Quanto à sua antiguidade litúrgica nos Estados Unidos da América, Phillip C. Tucker, Grão Mestre da Grande Loja do Estado de Vermont entre 1847 e 1861, e Grande Sumo Sacerdote do Grande Capítulo do Arco Real do mesmo Estado entre 1852 e 1857, afirmou que “em 1766, eles foram conferidos na cidade de Albany”, referindo-se, em particular, ao grau de Mestre Real e ao grau de Mestre Escolhido.
A mesma fonte sublinha ainda a sua importação de França e a sua introdução imediata e primitiva nos Estados de Rhode Island, Massachussets e Maryland, bem como, o facto, de os Grandes Conselhos, os Grandes Capítulos, o Grande Capítulo Geral do Rito de York, as Lojas de Perfeição, os Conselhos ou Capítulos de Soberanos Príncipes ou Cavaleiros Rosa+Cruz e os Supremos Conselhos do Rito Escocês Antigo e Aceite, todos em tempos diferentes, tenham reivindicado autoridade jurisdicional sobre eles.
Uma comissão do Grande Capítulo de Maçons do Arco Real do Estado de Vermont encontrou em 1850 registos documentais demonstrativos da sua conferência naquele território antes da introdução da Maçonaria capitular do Arco Real.
Por outro lado, o historiador maçónico norte-americano Edward T. Schultz [1827-1913], na sua History of Freemasonry in Maryland [Vol. I, p. 344], afirma que “é dito que os graus [de Mestre] Real e [de Mestre] Escolhido foram conferidos por [Henry] Andrew Francken em Albany, em 1769”, apesar de nenhuma prova da sua conferência aí tenha sido descoberta até muito tempo depois daquela data.
Cumprirá aqui esclarecer pontualmente a importância histórica crucial de Henry Andrew Francken (17??-1795), Delegado Inspector Geral, credenciado com cartas patentes em 27 de Agosto de 1761 por Etienne Morin, para a Maçonaria norte-americana, quanto à introdução pioneira do Rito de Heredom no futuro território dos Estados Unidos desde a Jamaica. Andrew Francken, teria conferido os graus laterais, ditos crípticos, a um número de candidatos, que formaram, em 1769, um Consistório de Príncipes do Real Segredo em Kingston, com a sua presença.
Posteriormente, Henry Andrew Francken radicou-se em Nova Iorque, entre 1766 e 1769, nomeando o mercador judeu Moses Michael Hayes (1739-1805), de Boston, Massachussets, Inspector Geral Delegado do Rito de Heredom e criando, em 1767, uma Loja de Perfeição em Albany e talvez um Conselho de Príncipes de Jerusalém, em Charleston, na Carolina do Sul.
Entre o Rito Escocês Antigo e Aceite e o Arco Real de York
O grau de Mestre Escolhido, sob a denominação de Maçom Escolhido dos Vinte e Sete, foi conferido em Charleston, Carolina do Sul, em 1783, sendo essa provavelmente a mais antiga ocasião em que qualquer grau dito críptico foi trabalhado na América.
Uma das mais antigas investigações históricas sobre a génese destes graus foi realizada por uma comissão do Grande Capítulo de Maçons do Arco Real da Carolina do Sul para determinar se esta potência maçónica tinha controle legítimo sobre eles, então sob sua administração tutelar, produzindo um relatório conclusivo, datado de 26 de Fevereiro de 1829.
O momento histórico desta investigação foi suficientemente tardio para permitir à comissão cair no erro comum de relacionar conjuntamente os dois graus e atribuir ao de Mestre Real uma existência aparente no Sul dos Estados Unidos mais antiga do que os factos garantiam.
O relatório concluía que: a) em Fevereiro de 1783, o médico inglês Dr. Frederick Dalcho [1770-1836], o médico norte-americano Dr. Isaac Auld [1769-1826], o Dr. James Moultrie Sr. [1766-1836] e Moses C. Levy [três dos quais se encontravam ainda vivos em 1829] tinham recebido os graus na Loja de Perfeição de Charleston;
b) que Joseph M. Myers, um dos Delegados que estabeleceram o Conselho de Príncipes de Jerusalém em Charleston, em 20 de Fevereiro de 1788, designado por Moses Michael Hayes como Inspector Geral do Rito de Perfeição ou de Heredom para o Estado de Maryland, depositou nos seus arquivos cópias certificadas dos rituais do grau de Mestre Real e [de] Mestre Escolhido de Berlim; c) que, desde 1788, o Rito de Perfeição em Charleston tinha conferido regularmente os graus; d) que, em 1828, vários Conselhos de Mestres Escolhidos estavam activos.
A comissão relatou ainda que tinha visto e lido a primeira cópia dos rituais dos graus que fora transmitida à América, bem como cópias das antigas cartas patentes que tinham sido entregues quando os Grandes Conselhos estaduais foram constituídos.
Acrescente-se ainda que, aparentemente, o próprio Presidente da Comissão, o médico e historiador maçónico norte-americano Dr. Moses Holbrooke [1783-1844], transmitiu para a posteridade uma cópia manuscrita dos rituais dos graus de Mestre Real e de Mestre Escolhido, acompanhada de uma nota manuscrita autógrafa, datada de 25 de Março de 1830, citando o livro do Irmão Snell, onde podemos ler o seguinte: “Sede do Supremo Conselho, Charleston, Carolina do Sul, 10 de Fevereiro de 1827. Eu, pela presente, certifico que os graus destacados, chamados Mestre Real e Escolhido ou Maçons Escolhidos dos Vinte e Sete, foram regularmente dados pela Sublime Grande Loja de Perfeição [nº 2 nos Estados Unidos da América], estabelecida pelo Irmão Isaac da Costa em Charleston, em Fevereiro de 1783, um dos membros originais dos quais o Muito Ilustre Moses C. Levy é ainda vivo e membro dela até este dia.(...) O Irmão [Joseph] Myers, brevemente depois disto [20 de Fevereiro de 1788] residiu algum tempo em Norfolk, Richmond e Baltimore, antes da sua retirada para a Europa, onde comunicou o conhecimento dos graus a um número de irmãos naquelas cidades. A cópia original está ainda à minha guarda e concorda com as obrigações do mesmo e com as Grandes Constituições que governam esses graus, a saber Maçons Reais e Escolhidos dos Vinte e Sete, é por isso correcto e legítimo dá-los tanto a Maçons Sublimes que chegaram ao Cavaleiro do Nono Arco [13º] ou a Companheiros do Terceiro Arco [Maçons do Arco Real].”
Neste breve relato, verifica-se alguma confusão de nomes e títulos, já que a investigação posterior tem demonstrado que as potências maçónicas de Charleston não possuíam o grau de Mestre Real naquele período primitivo e é improvável que Joseph Myers tenha depositado um ritual desses graus nos arquivos do Grande Capítulo de Maçons do Arco Real do Estado da Carolina do Sul, nem está estabelecido que tal grau tenha sido importado de Berlim ou até da Europa.
Por outro lado, depois de 1788, o grau de Mestre Escolhido foi regularmente conferido em Charleston, onde Conselhos desse grau estavam activos, em 1828. Além disso, na recomendação final do relatório da comissão, o Grande Capítulo de Maçons do Arco Real do Estado da Carolina do Sul renunciou à custódia dos graus crípticos em 1829.
O investigador maçónico Dr. William L. Cummings, de Nova Iorque, possuidor de um dos rituais originais importados por Etienne Morin, bem como de uma das maiores colecções gerais de rituais maçónicos manuscritos, afirmava que apenas Maçons Escolhidos dos Vinte e Sete ou, posteriormente, o grau de Mestre Escolhido, estava em uso em Charleston no séc. XVIII e que o de Mestre Real nunca fora conferido com o de Mestre Escolhido senão depois de 1821, e então, primeiro em Nova Iorque.
Esta afirmação é confirmada pela History of Freemasonry do médico e historiador maçónico norte-americano Dr. Albert Gallatin Mackey [1807-1881] [W. R. Singleton, Vol. VI, p. 1556], onde, citando o também historiador maçónico norte-americano Edward T. Schultz, na sua já referida History of Freemasonry in Maryland [Vol. I, pp. 335-344], afirma que Moses Holbrooke se enganou em 1829, quanto ao grau de Mestre Real, já que esse grau foi inicialmente trabalhado nos Estados do Norte.
Sequencialmente, a cidade de Savannah, Geórgia, é o próximo lugar onde se encontram marcas da presença do grau de Mestre Escolhido, pois Moses Cohen, em 9 de Novembro de 1790, emitiu para Abraham Jacobs um diploma de tutela do grau de Maçons Escolhidos dos Vinte e Sete, e o diário de Jacobs relata a sua visita àquela cidade em 1792 e a sua conferência desse grau em vários lugares daquele Estado, tendo recebido os graus principais e laterais do Rito de Perfeição em Kingston.
Em Baltimore, Maryland, o grau de Mestre Escolhido e nenhum outro parece ter estado sob a tutela conjunta de Phillip P. Eckel, que o recebeu numa Loja do Rito de Perfeição, e de Hezekiah Niles. Um antigo documento assinado por ambos autorizou uma terceira pessoa a abrir e manter um Capítulo em Baltimore, explicitando: Visto que, no Ano do Templo do Senhor de 2792 [A.[nno] D.[omini] 1792], o nosso Três Vezes Ilustre Irmão Henry Williams, Grande Eleito, Escolhido, Perfeito Sublime Maçom, Grande Inspector Geral, e Grão Mestre de Capítulos do Arco Real, da Loja de Grande Eleito e de Mestre Perfeito, e dos Conselhos de Cavaleiros do Oriente, Príncipe de Jerusalém, Patriarca Noaquita, Cavaleiro do Sol, e Príncipe do Real Segredo, por virtude dos poderes nele legalmente investidos, estabeleceu, ordenou, erigiu e apoiou um Grande Conselho de Maçons Escolhidos na cidade de Baltimore (...).
Concretamente, Henry Williams era um maçom nativo da cidade alemã de Bremen que emigrou para Baltimore em 1790, tornando-se Mestre credenciado com uma carta patente da Loja Concórdia em 1793 e, no mesmo ano, Grão Mestre Delegado da Grande Loja de Maryland, sucedendo no cargo de Grão Mestre da mesma no ano seguinte e morrendo em 1795. A fonte informativa desta autoridade documental sobre o grau de Mestre Escolhido é desconhecida, mas, no entanto, verifica-se simplesmente constituir o privilégio indubitável de um Inspector Geral do Rito de Perfeição conferir graus laterais.
Adicionalmente, o já citado Dr. Albert Gallatin Mackey [op. cit., p. 1557], concluiu ainda que enquanto o grau de Mestre Real ou Escolhido dos Vinte e Sete parece ter sido conferido em vários lugares antes de 1792, devemos concluir que a organização de um Conselho de Maçons Escolhidos em Baltimore por Phillip P. Eckel e Hezekiah Niles, sob a autoridade de Henry Williams, foi o primeiro esforço organizado para propagar o Rito na América. [Hezekiah] Niles, escrevendo em Ahiman Rezon [ou o Livro das Constituições da Grande Loja de Maryland] em 1827, afirmou que lhe tinham dito que um Capítulo regular do grau de Mestre Escolhido fora mantido em Charleston muitos anos antes, mas que tinha adormecido, e que não estava consciente que o grau era então trabalhado apenas em Baltimore.
Identidade litúrgica e independência administrativa
Por outro lado, o grau de Mestre Real, surge mencionado apenas em algumas referências dispersas anteriores ao ano de 1804, quando se afirmava que Abraham Jacobs se transferiu para Nova Iorque e conferiu o grau a Thomas Lownds. Na History of Masonry do historiador maçónico norte-americano Robert Freeke Gould [1836-1915], [Scribner, Vol. I, p. 300], afirma-se que o relato autoritatário mais antigo do funcionamento do grau ocorre justamente nos registos do Conselho Columbian nº 1, de Nova Iorque, em 1807.
Tem-se afirmado, embora com dúvidas, que o dignitário maçónico norte-americano dissidente Joseph Cerneau conferiu o grau de Mestre Real a Thomas Lownds em 1807 e que o maçom e jornalista canadiano John Ross Robertson [1814-1918], na sua obra History of the Cryptic Rite [Toronto, 1880], declarou que começou em 1808, a disputa entre [o mercador helvético-americano John James] Gourgas e Joseph Cerneau. [Thomas] Lownds apoiou o último e passou para o seu lado, levando, assim, disse Gourgas, os graus de Mestre Real e de Mestre Escolhido. O crédito para organizar o primeiro corpo do Rito Críptico deve ser dado a [Thomas] Lownds. Que formou, com outros, certamente, em 2 de Setembro de 1810, o Grande Conselho Columbian de Mestres Maçons Reais. Em 8 de Dezembro de 1821, o Grande Conselho de Columbian de Mestres Maçons Reais, recebe um Conselho de Mestres Escolhidos. Em 25 de Janeiro de 1823, o Grande Conselho Columbian constituíu-se a si próprio um Grande Conselho para o Estado [de Nova Iorque], emitindo diplomas até 1827.
Deste modo, esta agregação conjunta permanente dos dois graus, no Grande Conselho Columbian, parece ter sido o primeiro corpo organizado de Mestres Reais e Escolhidos, começando a credenciar Conselhos subordinados com cartas patentes em 1823, criando-se então o Conselho Principal de Mestres Reais e Escolhidos para o Estado de Nova Iorque.
O investigador maçónico norte-americano William L. Cummings verificou documentalmente que:
a) os graus de Mestre Real e de Mestre Escolhido foram conferidos como companheiros associados pela primeira vez em 1810; b) o Conselho Columbian nº 1 trabalhou só no grau de Mestre Real até 1817, quando o trabalho cerimonial de Super Excelente Mestre foi adoptado;
c) em 1817, Thomas Lownds criou um Conselho de Mestres Escolhidos ao conferir o grau a 10 irmãos que eram maioritariamente membros do Conselho Columbian nº 1; d) uma semana depois, o novo corpo maçónico fundiu-se com o Conselho Columbian nº 1 e que o corpo fundido conferiu os três graus ou Ordens na ordem sequencial aparente de Mestre Real, Super Excelente Mestre e Mestre Escolhido.
No entanto, Thomas Lownds permaneceu como Mestre do Conselho Columbian nº 1 por vários anos e, diz-se, que, antes da adopção do grau de Mestre Escolhido, aquela potência conferiu diversos outros graus laterais, tais como a Ordem da Jarreteira, a Ilustre e Invencível Ordem de S. Jorge na Capadócia e Cavaleiro da Távola Redonda preservando-se hoje apenas o ritual do último dos três graus laterais referidos.
Em 25 de Janeiro de 1828, numa Convenção propositadamente convocada, o Grande Conselho de Mestres Reais e Escolhidos de Nova Iorque foi fundado, existindo, posteriormente, outro Grande Conselho, em 1854, composto por aderentes da cismática Grande Loja de S. João. Diz-se também que Phillip P. Eckel, natural de Baltimore, não recebeu o grau de Mestre Real até 1819, altura em que o recebeu através do maçom Wadsworth, natural de Nova Iorque.
Edward T. Schultz, na sua já referida, History of Freemasonry of Maryland [Vol. I, p. 344], afirma que o grau de Mestre Real foi primeiro conhecido e trabalhado nos Estados [norte-americanos] orientais, enquanto o grau de Mestre Escolhido foi inicialmente conhecido, e numa data muito anterior, nos Estados meridionais e centrais.
Toda esta contextualização permite esclarecer compreensivelmente que o grau de Mestre Escolhido e, posteriormente, o de Mestre Real eram graus laterais do Rito Escocês Antigo e Aceite, sendo frequentemente conferidos por Delegados do Supremo Conselho da Jurisdição Sul, dos quais os mais proeminentes eram Jeremy Ladd Cross (1783-1861) e John G. Barker.
Jeremy Ladd Cross recebeu de Thomas Lownds o grau de Mestre Real e de Phillip P. Eckel e de Hezekiah Niles o grau de Mestre Escolhido em 1816 e disseminou-o itinerantemente através dos Estados da Pensilvânia, Ohio, Kentucky, Mississipi, Louisiana, Delaware, Nova Iorque, Nova Hampshire, Vermont, Nova Jérsia e Virgínia, constituindo irregularmente 33 Conselhos de Mestres Escolhidos mediante uma carta patente provavelmente falsa datada de 27 de Maio de 1817, assinada por Phillip P. Eckel e assumindo o título de Único Ilustre e Grande Poderoso do Principal Conselho de Mestres Escolhidos de Baltimore. O primeiro conferiu o grau apenas a Mestres do Arco Real, ao passo que os outros julgaram-no introdutório a esse mesmo grau capitular e conferiram-no a Mestres Maçons de Marca.
Em 1817, Jeremy Ladd Cross formou um Conselho de Mestres Escolhidos em Windsor, Vermont, e John Barker estabeleceu Conselhos em Alabama e Mississipi. Jeremy Ladd Cross recebeu o grau de Mestre Real e conferiu ambos os graus em Connecticut nesse ano, encontrando-se aí então o primeiro Conselho de Mestres Reais e Escolhidos, de seu nome, New Haven nº 10, valendo-lhe a sua actuação geradora e expansionista o estatuto mundial de fundador da Maçonaria Críptica. Posteriormente, surgiram os Grandes Conselhos de Connecticut, em 1819, Virgínia, em 1820, e Carolina do Norte, em 1822, entre outros.
Em 1817, o Grande Capítulo de Maçons do Arco Real do Estado de Maryland autorizou os seus Capítulos a conferirem o grau de Mestre Escolhido e, dez anos depois, enviou uma circular recomendando que outros Grandes Capítulos assumissem o controle do grau de Mestre Escolhido, embora o Grande Capítulo do Arco Real da Carolina do Sul tenha renunciado aos graus de Mestre Real e de Mestre Escolhido em 1829.
Por seu turno, também em 1829, o Grande Capítulo do Arco Real do Distrito de Columbia assumiu o controle dos graus crípticos. No mesmo ano, o Grande Capítulo Geral dos Mestres Maçons do Arco Real dos Estados Unidos da América decidiu que os graus de Mestre Real e de Mestre Escolhido deveriam ser colocados sob a tutela dos Grandes Capítulos estaduais.
Após 1827, e durante alguns anos, quer os Grandes Conselhos independentes de Mestres Reais e Escolhidos, quer os Capítulos independentes do Arco Real, combatiam pelo controle exclusivo ou partilhado dos graus crípticos. Paralelamente, Inspectores Gerais Delegados [tais como o liturgista maçónico norte-americano John Barney (1780-1847), do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceite de Charleston] autorizavam o funcionamento de Conselhos de Mestres Reais e Escolhidos e de Conselhos de Príncipes de Jerusalém [16º grau].
Em 1847, o Grande Capítulo Geral autorizou Capítulos a conferir os graus de Mestre Real e de Mestre Escolhido em Estados norte-americanos onde não existisse qualquer Conselho do Rito Críptico e, em 1850, o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceite da Jurisdição Norte emitiu um Decreto reivindicando os graus de Mestre Real e de Mestre Escolhido como senda da sua exclusiva propriedade, providência esta que foi repetida pelo Supremo Conselho da Jurisdição Sul.
Em 1853, o Grande Capítulo Geral do Arco Real dos Estados Unidos da América, assim como o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceite da Jurisdição Sul, em 1870, reverteram a sua posição e renunciaram à sua reivindicação de tutela dos graus crípticos. No entanto, e apesar disso, o Grande Capítulo do Arco Real do Estado de Maryland [até 1872] e o Grande Capítulo do Arco Real do Estado da Virgínia [de 1841 até à segunda metade do séc. XX] mantiveram a sua reivindicação dos graus crípticos, tal como o Grande Capítulo do Arco Real do Estado da Virgínia Ocidental, após a sua constituição.
Apesar da renúncia, em 1853, do Grande Capitulo do Arco Real dos Estados Unidos, Jurisdição Sul, sobre os graus crípticos, alguns Grandes Capítulos estaduais do Arco Real assumiram eles mesmos, a tutela dos graus crípticos: Texas, entre 1864 e 1907 [com uma relação mais próxima entre Capítulos e Conselhos do que em qualquer outro Estado dos EUA]; Illinois, entre 1877 e 1882; Mississipi, entre 1877 e 1888; Kentucky, entre 1878 e 1881; Arkansas, entre 1878 e 1881; Wisconsin, entre 1878 e 1881; Nebraska, entre 1878 e 1886; Carolina do Sul, entre 1880 e 1881.
Da consolidação estrutural à expansão internacional
O Rito Críptico, como é trabalhado actualmente, foi reintroduzido em Inglaterra por carta patente do Grande Conselho de Mestres Reais e Escolhidos de Nova Iorque em 1871. O Grande Conselho de Inglaterra foi formado em 1873. Por outro lado, a Maçonaria Críptica reentrou na Escócia por carta patente do Grande Conselho de Illinois em 1878. O Grande Conselho da Escócia foi formado em 1880.
Hoje, em Inglaterra, bem como nas restantes jurisdições de constituição britânica, o Rito Críptico consiste nos graus de Muito Excelente Mestre [uma forma breve do grau conforme trabalhado nos Capítulos norte-americanos do Arco Real do Rito de York], Mestre Real, Mestre Escolhido e Super Excelente Mestre cuja heterogeneidade geral recíproca exprime a ausência quase uniforme de um conteúdo genuinamente críptico.
Um acontecimento que atenuou o isolamento histórico e a aceitação internacional do Rito Críptico, fortalecendo e consolidando a estrutura global do Rito de York foi a decisão do Grande Acampamento dos Cavaleiros Templários dos Estados Unidos da América, em 1858, de conceder às Grandes Comendas estaduais a opção de declarar os graus de Mestre Real e de Mestre Escolhido como pré-requisitos condicionais para acesso aos graus cavaleirescos das Comendas, decisão geralmente aceite pela globalidade das estruturas subordinadas.
O Grande Conselho Geral de Mestres Reais e Escolhidos dos Estados Unidos da América consolidou-se lentamente; em 1871, o Grande Conselho de Mestres Reais e Escolhidos do Estado de Massachusetts tomou a iniciativa de convocar uma Convenção de representantes que se reuniu em Nova Iorque a 12 de Junho de 1872, representando 14 Grandes Conselhos de Mestres Reais e Escolhidos.
Decidiu-se, então, que os graus crípticos deveriam permanecer sob a jurisdição exclusiva dos Grandes Conselhos e que nenhum membro deveria ser reconhecido, excepto aqueles que receberam os graus num Conselho de Mestres Reais e Escolhidos ou por autoridade de um Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceite. Esta terá sido uma deliberação difícil de aceitar por alguns Capítulos do Arco Real, pois, até essa data, os graus eram, geralmente, conferidos por Capítulos do Arco Real o, que, por consequência, levantou algumas questões que levaram a uma demora no objectivo último, de os graus de Mestre Real e Mestre Escolhido serem apenas concedidos em Conselhos sob a jurisdição de uma Grande Conselho ou do Supremos Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceite.
Numa segunda Convenção realizada em 1873, foi deliberado que os graus deveriam ser conferidos na ordem sequencial estabelecida de Mestre Real, seguido de Mestre Escolhido e que o de Super Excelente Mestre seria ser opcional.
Após as Convenções de 1873, de 1874 e de 1877 [em que se discutiu inconclusivamente a actualidade e o desenvolvimento futuro do Rito Críptico], uma Convenção celebrada em Detroit, no estado do Michigan, em 23 de Agosto de 1880, adoptou, num Grande Conselho Geral, uma Constituição para tornar-se efectiva, quando ratificada por nove Grandes Conselhos de Mestres Reais e Escolhidos. Fenómeno que se concretizou em 1 de Março de 1881 pelos Grandes Conselhos do Estado de Nova Iorque, do Minnesota, do Ohio, do Estado de Indiana, do Maryland, do Tennessee, do Massachusetts, do Alabama, da Louisiana e da Carolina do Sul.
A primeira reunião deste Grande Conselho Geral [cujas funções consistiam em proteger os interesses mundiais da Maçonaria Críptica, coordenar os Grandes Conselhos filiados e fornecer orientação aos seus membros] ocorreu em Denver, no estado do Colorado, em 1883, com a representação daqueles Grandes Conselhos [excepto o de Alabama] e a presença adicional dos Estados da Califórnia, Flórida, Kansas, Maine, Missouri, e Nova Hampshire. Os Grandes Conselhos de Mestres Reais e Escolhidos dos Estados da Geórgia, Carolina do Sul e Vermont indicaram então a sua adesão. O estado do Arkansas aderiu somente em 1886. Permaneciam à parte do Grande Conselho Geral os Grandes Conselhos de Mestres Reais e Escolhidos de Michigan, Pensilvânia, Rhode Island, Texas, Nova Jérsia, Carolina do Norte, Kentucky, Iowa, Nebraska, Wisconsin e Mississipi. Nos Estados da Virgínia e da Virgínia Ocidental, os graus crípticos eram conferidos por Capítulos do Arco Real, já que, especificamente, os Grandes Conselhos da Carolina do Norte, Iowa, Nebraska e Mississipi ainda mantinham o sistema capitular, embora todos, subsequentemente, o abandonassem. Particularmente, os Estados de Wisconsin e Texas, apesar de terem Grandes Conselhos, adoptaram sistemas peculiares de íntima partilha entre Conselhos e Capítulos.
Em 1889, o Grande Conselho Geral aperfeiçoou a dureza da resolução de 1872 ao autorizar cada Grande Conselho estadual a determinar o estatuto dos Mestres Reais e Escolhidos nas suas diversas jurisdições. Posteriormente e ao longo do séc. XX, a generalidade dos Grandes Capítulos estaduais aderiram à potência nacional e, em 1942, o Grande Conselho Geral deliberou reconhecer os graus de Mestre Real e de Mestre Escolhido conferidos nos Grandes Capítulos do Arco Real dos Estados onde ainda não existissem Grandes Conselhos crípticos estaduais.
Conclusão
Neste breve panorama diacrónico da consolidação histórica do Rito Críptico, constatamos um percurso atribulado, cheio de conflitos, partilhas, concorrências, itinerâncias e reivindicações quanto à sua tutela separada ou conjunta face aos grandes Ritos maçónicos [Escocês Antigo e Aceite, York ou Graus Maçónicos Aliados] predominantes nos Estados Unidos da América nos sécs. XVIII e XIX, sendo provenientes da Europa e semeados na América antes da sua reintrodução europeia.
Esperamos ter sobretudo ter respondido às interrogações estruturais inicialmente enunciadas na Introdução e contribuído assim com uma oferta substancial para a instrução maçónica dos obreiros do chamado Rito Críptico em Portugal sobre a sua identidade, origem, contextualização e evolução, quanto à evidente artificialidade da expressão continente face à heterogeneidade global do inerente conteúdo, bem como ao seu desenvolvimento relacionado com a mitologia templária do Arco Real e de Zorobabel.
Importa, sobretudo, destacar, que no centro do itinerário de toda esta atribulada demanda subterrânea e inconsciente dos graus crípticos, encontra-se a própria cripta oculta do Templo de Jerusalém, cujo acesso crucial aos tesouros sagrados nela depositados constitui o coração secreto e âmago de qualquer santuário da realização espiritual do Homem, bem como a descoberta interior do Segredo velado de todo o percurso do Conhecimento iniciático.